Você muda com o tempo, aceite isso!

Nós mudamos com o tempo!

Parece fácil entender isso, mas não é. Justamente porque há certas mudanças pela qual passamos que são mais complexas e sutis do que conseguimos imaginar. Quando você menos espera, uma nova versão sua está no seu lugar e você nem percebeu. Vou explicar melhor com meu exemplo.

Eu me mudei e um ano depois voltei a residir onde morava antes. “Tranquilo, eu sempre estive por aqui mesmo, nem vou precisar me acostumar com o local”, pensei. E não podia estar mais enganado!

Sério mesmo! Estranhei tudo ali. Parecia um local totalmente novo composto de rostos e esquinas levemente familiares. Fui pego totalmente de surpresa (e quem me conhece sabe que não sou o mesmo quando sou surpreendido, rs).

A pegadinha vem agora: a primeira coisa que pensei foi em como as pessoas e coisas mudam em tão pouco tempo. E não podia estar mais enganado novamente! Pensando bem, na verdade acabei notando que as coisas ao me redor não tinham mudado tanto assim. As pessoas tinham os mesmos costumes, a distância do meu trabalho era tanta quanto antes, meus amigos moravam por ali ainda, as ruas não haviam mudado em nada além de uns buraquinhos a mais.

Tudo era relativamente igual!

Aí caiu a ficha de que quem mudou fui eu. Sensação bem estranha essa pra ser sincero. Você olha pra si mesmo e acha um completo estranho acenando amigavelmente. Percebi que minhas preocupações eram outras e o que me fazia rir antes já não era mais engraçado. O que era importante outrora perdeu a relevância e o que era besteira virou prioridade. Na realidade eu tinha me tornado o que o eu de um ano antes não entenderia. O que o eu de um ano antes chamaria de chato (e talvez gordo, mas isso não vem ao caso).

Por isso que mudar com o tempo, certas vezes, é difícil de entender. É sabido que isso acontece, só que há certos aspectos nossos que tomam a frente de outros de acordo com as necessidades da vida. O jovem dá lugar ao adulto. E isso não quer dizer que o jovem interior não esteja mais lá, quer dizer que ele só está mais ausente. Vez ou outra ele surge quando se sentir mais seguro. Essa mudança não é aquela pela qual nos esforçamos pra ser melhor. É algo natural. Talvez evolutivo. Sair de impulsão pra contemplação, de abrangente pra profundo, de quantitativo pra qualitativo.

Nós mudamos com o tempo, seja consciente ou inconscientemente. Temos que estar abertos a isso e saber quando devemos mudar o que foi mudado. Por isso é complexo. Mudar a mudança pode se fazer necessário.

Achava que todas as mudanças demandavam esforço, mas não. E pode ser que essas mudanças naturais exijam, agora, mudanças forçadas. Nos cabe ver os frutos de cada uma em nossa vida e decidir.